sábado, 26 de outubro de 2013

Literatura, câmera e... ação!

Foi no último dia 20, domingo de um sol afável, que aconteceu o encontro “Literatura ES: autores e palavras”, dentro da segunda edição da OFF (Mostra de Teatro em Grupo que se apresenta nos espaços públicos da Grande Vitória). O cenário: a Má Companhia, casa dos grupos teatrais Z e Repertório, localizada no Centro de Vitória. 

O evento reuniu grandes nomes da Literatura produzida no Estado. Saulo Ribeiro promoveu algo simples: cada autor deveria ler um trecho de sua obra. Em ótima companhia me senti quando lá estavam Fernando Achiamé, Waldo Motta, Anne Ventura, Herbert Farias, Caê Guimarães, Alessandro Darós, Wilson Coelho, Alexandre Moraes, Marília Carreiro Fernandes, Natasha Sivieiro, Marcos Tavares, Erly Vieira Jr., Orlando Lopes, Aline Dias, etc.

O primeiro a assumir, de pé, a fala, foi Alexandre Moraes que, ao som inesperado e inevitável dos sinos da Catedral, recitou um poema sobre a Ilha de Vitória. Enquanto isso, os olhos curiosos e dispostos acompanhavam a movimentação dos sons – versos, sinos, ventos, pássaros, palmas. Que suba o próximo, e outro, e mais um. A maioria deles sempre nervosa, algumas palavras e papéis tremidos. Mas todos pareciam reverenciar o projeto de Saulo que não para por aí. Havia uma câmera! Os movimentos foram filmados e virarão um belo vídeo: a excelente literatura, a literatura de movimento, estará em breve aí para ser assistida. E vista. E revista. Para por no repeat.

Naquela casona vermelha, a zona foi boa. Uma zona que cheirava respeito mútuo e compromisso. Afinal, nossas obras literárias não são mesmo sérias – literatura e seriedade se repelem – mas são obras, são legítimas. São nossas e de ninguém. O público mereceu tamanha qualidade e disposição. Os escritores mereceram o público interessado. Daí, os aplausos. Mesmo que os aplausos viessem de nós mesmos, foram de pé. Mas são os nossos pés que fazem a diferença: colocando-os em movimento, os pés e a literatura. Pois, como disse G.H. de Clarice, “a trajetória não é apenas um modo de ir. A trajetória somos nós mesmos".

O clima interativo favoreceu, sem dúvida, para que o evento fosse despojado e rápido: ficamos com aquele famoso gosto de "quero mais". Põe no repeat, Saulo.