“A tarefa de amolecer diariamente o tijolo, a tarefa de abrir caminho na massa pegajosa que se proclama mundo, esbarrar cada
manhã com o paralelepípedo de nome repugnante, com a satisfação canina de que
tudo esteja em seu lugar (...). Enfiar a cabeça como um touro apático contra a
massa transparente em cujo centro bebemos café com leite e abrimos o jornal
para saber o que aconteceu em qualquer dos cantos do tijolo
de cristal. (...) Há um andar de cima onde moram pessoas que não
percebem seu andar de baixo, e estamos todos dentro do tijolo
de cristal”.
Trecho de Histórias de Cronópios e de Famas, de Julio Cortázar.
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