quarta-feira, 14 de agosto de 2013

a vida que passa (aliás, voa, sem asas)

Das coisas que mais me intrigam nessa minha imaturidade assumida está a verdadeira velocidade dos dias. Que horror tudo isso que presenciamos. Olhei agorinha o relógio e, ao olhar novamente, constato que duas horas se passaram. Isso é terror dos bons, daqueles que nos deixam de cabelo em pé. Pois quase me parece perda de tempo a caminhada que faço pela orla da praia, é muita perda de tempo olhar o sol se animar sobre as águas salgadas - e imagina só quanta perda de tempo seria se eu ainda gostasse daqueles mergulhos nessas mesmas águas, mergulhos sem nada, a comerem meus minutos sagrados. Minutos também salgados. Porque custam caro. Não estou nem um pouco afim de pagar por eles, mas, aí está o terror cortante, sou incapaz de mudar o curso desses ponteiros. Pois que, quando me recordo neste momento há um ano, fico a pensar no tempo daquele dia, sem quase horror algum (quase - porque o tempo, diziam, não para em hipótese alguma). E deve ser por isso que, às vezes, ficamos apavorados com esses horários sem fim: porque já provamos, algum dia, da quase ausência deles, quando não se precisa do relógio e, portanto, não há terror. 


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