Cansei de pensar sobre o que escrever. Na verdade, estava cheia de questões e exclamações por causa de um fato o qual presenciara. Mas acabei pensando em demasia antes de escrever. E me dei conta de que escrever é pouco. Por isso, compreendi o porquê de sempre escrever tão pouco, pois a escrita, por si só, é pouca. Tão pouca que não conseguiria transmitir com afinco aquele sentimento, nem descreveria o momento sutil, absoluto. Ao menos o dia fez todo sentido. Ou o contrário. E a vida é assim, não parece mesmo fazer-se sentir, embora dia a dia confirmamos sua razão. Razão não, emoção. Seja o que for. Aquelas oito crianças rodeando um amontoado de lixo no canto escuro da rua fez toda diferença. E o movimento ali era esse, o do estômago, o do desespero de matar uma única angústia chamada fome. Outros movimentos ao redor: um ônibus, sons de carros anunciando a noite de sexta-feira, a vizinhança alimentada, uma ponte ou outra interditada aos gritos, às ordens de protesto: o quê querem matar? Horas a fio de palavras - e os fios das palavras são tão quebradiços... - para uma movimentação aqui, outra ali. Mas os movimentos são muitos, as crianças, aquelas, também. Como escrever sobre tudo? Sinto muito, mundo. Sinto tanto e escrevo pouco. E é por isso que não escrevo tudo.
Há momentos em que o silêncio e a indignação falam mais alto. Nem sempre temos de escrever páginas e páginas sem fim. Basta escrever apenas o essencial. E o essencial é tudo o que é preciso. Parabéns pelo texto e força nessa escrita. Desanimar NUNCA!
ResponderExcluirBeijinho!
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