"Ah", diz Roland acendendo um fósforo. Jeanne ouve tranquilamente o ruído, é como se visse o rosto de Roland enquanto aspira a fumaça, encostando-se um pouco para trás, com os olhos semicerrados. Um rio de malhas brilhantes parece pular das mãos do gigante preto e Marco tem o tempo exato para esquivar o corpo à rede. Em outras ocasiões - o procônsul sabe, e vira a cabeça para que somente Irene o veja sorrir - aproveitou esse mínimo instante, ponto fraco de todo reciário, para bloquear com o escudo a ameaça do longo tridente e jogar-se firme, com um movimento fulgurante, em direção ao peito descoberto. Mas Marco mantém-se fora da distância, as pernas curvadas, a ponto de pular, enquanto o núbio recolhe rapidamente a rede e prepara novo ataque. "Ele está perdido", pensa Irene sem olhar para o procônsul que escolhe uns doces da bandeja que Urânia lhe oferece. (De Todos os fogos, o fogo. Julio Cortázar)
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