E
imaginando que todos acompanhavam ansiosos os seus esforços, mordeu a chave
como um louco, com todas as forças que ainda podia reunir. À medida que a chave
ia girando, ele dançava em torno da fechadura; agora mantinha-se em pé só com o
auxílio da boca e, conforme a necessidade, ficava pendurado na chave ou a
empurrava outra vez para baixo com todo o peso do seu corpo. O som mais claro da
fechadura que enfim retrocedia literalmente despertou Gregor.
O
rosto dela estava inclinado para o lado, seus olhares seguiam perscrutadores e
tristes as linhas da partitura. Gregor rastejou mais um trecho à frente,
mantendo o corpo rente ao chão, para se possível captar os seus olhos. Era ele
um animal, já que a música o comovia tanto? Era como se lhe abrisse o caminho
para o alimento almejado e desconhecido.
Você
simplesmente precisa se livrar do pensamento de que é Gregor. Nossa verdadeira
infelicidade é termos acreditado nisso até agora. Mas como é que pode ser
Gregor? Se fosse Gregor, ele teria há muito tempo compreendido que o convívio
de seres humanos com um bicho assim não é possível e teria ido embora
voluntariamente.
Trechos de A metamorfose, de Franz Kafka.
Imagens de uma campanha chamada "Make your own movie: read a book", que sugere A metamorfose em terror, no estilo Bollywood e na forma de mangá, respectivamente.
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