Lourdes se lembrou de momentos sublimes desta família. Festas,
casamentos, formaturas, nascimentos, sua maravilhosa bodas de ouro. Alegrias,
todas essas. Poucas vezes, ou talvez nenhuma, a família se juntou para chorar.
“Está próximo”, pensou. E chorou em silêncio. E foi esconder as lágrimas com Dona, a
galinha que devia entender tudo. Quando se aproximou, Lourdes percebeu Dona um
pouco quieta, quase que estátua. Lourdes ficou apreensiva, com a voz trêmula e
fraca: “não vá me abandonar justo agora, sua sem-vergonha! Você não está doente
também, está?”. E a galinha, que realmente compreendia o tom de preocupação,
levantou-se calma e lentamente. E lá estava o motivo de tamanha cautela do
animal: cinco ovos bem dispostos e aquecidos por uma mãe magnífica. As novas
lágrimas de Lourdes misturaram-se com as que estavam quase secas em volta de
seus lindos olhos verdes. Ela ria de emoção e chorava de felicidade. Uma
felicidade momentânea e muito propícia. Uma felicidade que só se explica com a
aproximação de morte e vida, o sofrimento com a alegria.
(Trecho de um conto, chamado "contanto que eu não chore", que está em meu livro contos e microcontos, ainda a ser lançado)
Lindo, Sarah.
ResponderExcluirA tristeza e a saudade são inevitáveis. Mas, as lindas lembranças acabam nos consolando.
Estou ansiosa para ler o conto inteiro no livro que levará o teu nome na capa.
Um beijo.
O conto inteiro já existe e está disponível para a leitura dos amigos. Mando pra você, como forma de agradecimento de suas mensagens sempre lindas! Obrigada.
ExcluirBelo conto, amiga!
ResponderExcluirO texto tranborda sensibilidade, acho que é por ai que ele toca tão fundo.
Parabéns!
Beijo, beijo.
Obrigada, bem!
ExcluirEsse é bonito demais. História bonita demais.
ResponderExcluirVocê foi a primeira com a qual eu compartilhei da história e da ideia. A fertilização foi incentivo seu também. Obrigada!
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