terça-feira, 20 de novembro de 2012

literatura à base de vodca

Há 102 anos, morria  Liev Tolstói. O russo é um dos meus escritores favoritos. A frase abaixo inicia o romance Anna Karenina (magnífico):


"Todas as famílias felizes são iguais. As infelizes são cada uma à sua maneira".

2 comentários:

  1. Foi grandioso esse Tolstoi. Lembro-me de um texto seu em especial. Nunca o esqueci por completo e recobro alguma sua letra. Um conto: A Morte de Ivan Ilitch. De início, narra a notícia da morte e a contextualiza para em seguida trilhar o caminho de sua vida. O bacana é como inicia essa segunda parte, também com uma frase significativa: "A história pregressa da vida de Ivan Ilitch foi das mais simples e comuns e, ao mesmo tempo, das mais terríveis." Há aí já uma indicativa do que há de mais importante no conto, o contraditório entre vida e morte, simplicidade e complexidade, entre aparência e real. E após anos de uma vida regrada e de poucas posses, Ivan Ilitch recebe um significativo aumento em seus vencimentos, cuidando pessoalmente da reforma e decoração de um apartamento. Lá pelas tantas, o narrador produz uma pérola: "Pode sobretudo encontrar e comprar barato certos objetos antigos, que imprimiam a tudo um caráter particularmente nobre." Passagem que encontra eco e emenda na que segue, acerca do lar soerguido em aparências: "Na realidade, havia ali o mesmo que há em casa de todas as pessoas não muito ricas, mas que desejam parecê-lo e por isto apenas se parecem entre si: [...]; enfim aquilo que todas as pessoas de determinado tipo fazem para se parecer com todas as pessoas de determinado tipo." Uma conclusão óbvia... todas pessoas de todos os tipos determinados são aparentadas na vida - em gosto, em gesto - e na morte que, embora única e intransferível, a todos iguala. (a.d)

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  2. Uau! Seu comentário é melhor que um comentário. Às vezes, pergunto-me se vale a pena ficar postando aos quatro ventos essas coisinhas de labaredas aqui, mas quando leio algo assim, não tenho dúvidas: que troca absolutamente agradável! Tolstói é pra se maravilhar sempre. Lembro-me de que, ao final de minha leitura de Anna Karenina, escrevi um conto, simplório, besta e sem graça, mas que foi uma decisão: "farei um conto pensando em Tolstói". E deu no que deu. Está no livro. E acho que minha escrita só sobrevive graças a esses poderosos. Está aí. Você é um deles!

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