2012 foi especial por vários motivos. Entre eles está a minha grande viagem dos sonhos. Conheci um pedacinho da Europa, o que fez deste ano algo realmente mágico, que ficará guardado na lembrança. Na lembrança e aqui, pouquinhas coisas que vou mostrando à medida que sentir necessidade. Por enquanto, deixo apenas um sentimento encontrado em um texto de Thomas Mann, no que diz respeito à viagem, uma vontade súbita e incontrolável, também acometida a mim:
Era
o desejo de viajar, nada mais; mas verdadeiramente parecendo um acesso e
intensificado até a paixão, sim, até a alucinação. [...] Ele
havia apreciado, ao menos desde que dispunha dos meios de usufruí-las à
vontade, as vantagens do tráfego internacional, as viagens como nada mais que
uma medida higiênica que tivera de ser tomada de vez em quando contra a vontade
e a inclinação. Demasiadamente ocupado com as tarefas que lhe impunham seu Eu e
a alma europeia; demasiadamente sobrecarregado pelo dever da produção; adverso
demais a distrações para servir como amante do colorido mundo exterior, dera-se
por satisfeito com a opinião de todos, sem se afastarem do seu círculo, podem
obter da superfície do mundo, e nunca sequer se sentira tentado a deixar a
Europa. [...] Mas
sabia muito bem por que razão a tentação se dera tão inesperadamente. Era
ímpeto de fugir; o que confessou a si mesmo, esta saudade para a distância,
para a novidade, esta ânsia por libertação, exoneração e esquecimento – a
pressão de se afastar da obra, do sítio cotidiano de um serviço rígido, frio o
apaixonado.
(Morte em Veneza, Thomas Mann, de
1912)
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