sábado, 8 de dezembro de 2012

hora da viagem

2012 foi especial por vários motivos. Entre eles está a minha grande viagem dos sonhos. Conheci um pedacinho da Europa, o que fez deste ano algo realmente mágico, que ficará guardado na lembrança. Na lembrança e aqui, pouquinhas coisas que vou mostrando à medida que sentir necessidade. Por enquanto, deixo apenas um sentimento encontrado em um texto de Thomas Mann, no que diz respeito à viagem, uma vontade súbita e incontrolável, também acometida a mim:

Era o desejo de viajar, nada mais; mas verdadeiramente parecendo um acesso e intensificado até a paixão, sim, até a alucinação. [...] Ele havia apreciado, ao menos desde que dispunha dos meios de usufruí-las à vontade, as vantagens do tráfego internacional, as viagens como nada mais que uma medida higiênica que tivera de ser tomada de vez em quando contra a vontade e a inclinação. Demasiadamente ocupado com as tarefas que lhe impunham seu Eu e a alma europeia; demasiadamente sobrecarregado pelo dever da produção; adverso demais a distrações para servir como amante do colorido mundo exterior, dera-se por satisfeito com a opinião de todos, sem se afastarem do seu círculo, podem obter da superfície do mundo, e nunca sequer se sentira tentado a deixar a Europa. [...] Mas sabia muito bem por que razão a tentação se dera tão inesperadamente. Era ímpeto de fugir; o que confessou a si mesmo, esta saudade para a distância, para a novidade, esta ânsia por libertação, exoneração e esquecimento – a pressão de se afastar da obra, do sítio cotidiano de um serviço rígido, frio o apaixonado.

(Morte em Veneza, Thomas Mann, de 1912)


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