Não haveria mundo se as mães não
existissem. Embora pareça óbvio, não o é. Os ventres mais quentes e aconchegantes
não garantem um piso firme na vida após os nove meses. O alisar da barriga e a
cautela exagerada não são suficientes ao coração recém-nascido. O que com o
cordão umbilical se nutre talvez seja pouco para uma jornada de amamentações e
colheres de asas. O ofício materno ultrapassa a dor do parto e o sangue escorrido
pelas veias, e nem todas as mães mereciam essa denominação, ou esse elogio
disfarçado de grito “mãe!”, ou esse apelo por um cuidado que sempre carecemos e
só essa figura – a mãe – é capaz de ter, ou essa função absolutamente nobre, ou
esse carinho que veste uma pessoa e, simplesmente, ela deixa de ser qualquer
coisa para ser tudo: uma mãe. Um teste positivo, alguns ultrassons, o
deslumbramento no primeiro par de sapatinhos e, pronto, sou mãe? Uma violação
para com as verdadeiras, as legítimas, as que embalam os seres mais importantes
do mundo. Pois um filho significa um pedaço da vida e a vida em pedaços só pode
ser vista assim: aos olhos de alguém superior. Uma mãe. As mães são distintas
porque carregam consigo remédios poderosos e jamais identificados pela ciência.
Elas sabem que não é o leite que brota dos seios que as deixam fortes. São
aquelas luzes nos dedos das mãos, que não são apenas duas. Aquelas luzes que
acalentam quando vem a febre, o choro, a frustração, os conflitos, o mundo.
Elas existem para tocar o mundo com as próprias mãos, as mães. Um papel
inesgotável, a ponto de provocar discussões acerca da sua imortalidade. É
mistura, repetição acalorada “mamãe”, é o nome açucarado, são as luzes que
nunca se apagam, é mãe desmedida e insone. Híbrida. Mães deram origem ao mar,
aos livros, às estrelas, ao sol e ao infinito. Assim surgiu o amor em excesso, um
exagero sem fim que, graças a elas, mantém o mundo. Um mundo mantido por mãos
maternas, cujo exercício é somente assegurar que as vidas das proles estejam cativadas.
Assim, parafraseio Guimarães: mão, mães, é tudo uma questão de afeiçães.
(Texto inspirado no dia de hoje, dia da minha mãe)
(Texto inspirado no dia de hoje, dia da minha mãe)
Parabéns, tia! :)
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