sexta-feira, 9 de novembro de 2012

tanto cinema, quanto poema

A sétima arte é uma necessidade. O cinema dá contorno aos nossos esboços e acrescenta cor ao pensamento, mesmo que sejam branco e preto vivos. Vivos. Essa é a premissa para ser cinema: estar vivo e fazer-se viver. Pensando bem, todas as artes são necessárias. A poesia idem, e meu poemeto veio para fechar a semana cinematográfica:



a sequência de imagens e
meu território desenhado
o outro lado, daquele lá
mais um pouco pra direita
não, melhor pra esquerda
tudo corre em filme aqui
todo delírio é aproveitado
tenho certeza, mas dúvidas
e um chiste, gravando e
longos, curtos, cortados
solitários em multidão
a imagem tremida, vazia
procura pela tal chave, mas
que pena, acabou o dia,
a filmagem diluída na chuva
continua vestindo fechadura.


(19ª edição do Vitória Cine Vídeo, Festival de Cinema de Vitória)

Um comentário:

  1. Lindo poema. Inspirou mesmo este outro que te ofereço:

    ;e que não se confunda o batoque com o carretel no desenrolar do enredo, da cena em película;a boca de cena viva e cotidiana, medida em candela - pura cintilância em meio a dicróicos fugazes e fragmentários; fecha o ângulo, a claquete emite seu sim e o jogo num jorro de claro, escuro e cores, inunda a face da tela e escorre e inunda os tímpanos em decibéis, também; e no cotidiano, a coladeira emenda extremidades opostas, distantes, diversas, anunciando verdades ocultas na pele, por baixo dos poros de onde se deixam vazar, às vezes: todos são contra-regras! e não há quem não tenha visto já um fantasma nas projeções da vida em plano em tela; questão de foco, talvez; é que na vida, a diferença dos filmes não há aparente roteiro; não há fusão que transicione como na película, a frequência da ficção; não há grifa a controlar movimentos, desejos, vontades; e se a cor já não encanta é prudente fletir noutra gelatina a lâmpada excitadora, auscultando interiores; é que na película, como na história, há sempre um loop anamórfico - uma referência bem laçada com o passado e lançada sobre a moviola, buscando edição futura;
    (a.d)

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