[...] Sonhar demanda tempo, açúcar e espírito. Mas
chega uma hora em que tudo se transforma em lágrima, a hora de encontrar todos
juntos para dissipar as fantasias. O rapaz precisa esquecer sua
invencibilidade, deixar de lado o que pensa sobre imortais. Seus sonhos
costumam ter lugares amplos demais, com redes e cadeias embaralhadas e cheias de
coisas só dele. Está tudo em
Ângelo. Até que chega o retorno, o dia seguinte, quando tudo
volta ao normal e os devaneios se multiplicam. Voa-se em qualquer nuvem,
sonha-se em qualquer estação. Algumas amizades reaparecem para tomar essa mesma
direção e para darem fim a qualquer ruído perturbador. Para Ângelo veio o
ambíguo, inexplicável, incompleto, inconstante. Veio à cabeça a estranha arte
de realizar eventos inconscientes, em meio ao caos do seu núcleo psíquico.
Quando, agora, chegou além e, finalmente, abraçou o sonho com alma e coração, muitos
também comemoraram. Realizar um sonho é alcançar uma estrela, encontrar a luz no
fim do túnel. É encontrar a verdadeira felicidade ao lado de quem merece estar
lá. Se Ângelo sonha, é porque ele é capaz de conquistar um mundo impossível.
Ele é feito para isso, para os gigantescos projetos que, se no começo são
apenas números, areia e insônia, no final podem ser fotos, concreto e sorrisos. [...]
Trecho de um conto que está em meu livro Contos e microcontos, ainda a ser lançado.
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