domingo, 6 de janeiro de 2013

mergulho nas ondas da manhã


Acordar com o calor da manhã, tal como Clarice Lispector fazia, para sentir o amanhecer de pertinho, e ouvir as ondas quebrarem umas nas outras, nervosas como as minhas mãos: só assim para entender melhor o sol. Vieram planos, mil deles, vontades e verdades até. Tão difícil ser ébrio que não senti nada mais além. Isso já era muito e manteve-se com qualidade para o fim do dia. Como fim, se o dia só está começando? Não. Tudo acaba quando o papel começa a ser preenchido. Tudo é fim. O papel nunca está branco, mas finge-se que sim. Impossível fingir tão bem, o papel está antes escrito de memórias, e preciso aprender com o sol para entrar nos seus limites. Como saber dar vida ao texto sem mergulhar nessas mãos nervosas? Como dizer que o dia é o mesmo depois de acordar uma manhã de versos e de frases? Como aceitar que a vida continua, o dia está lindo lá fora e hoje é domingo? Acabou. Não posso compactuar com tamanha insensibilidade. Deixe o texto, deixe que ele respire esse ar matutino, mas não me venha... o começo também é o fim e, caso isso se inverta, preciso estar acordada para entender melhor a lua.

2 comentários:

  1. Olá.

    Espertou minha intenção o fato de falar de Clarice Lispector. Entre no meu cantinho e veja um vídeo cujo texto pensa-se ter sido escrito por ela. É maravilhoso. Ora espreite.

    Beijinhos

    http://omeube-a-ba.blogspot.com

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    1. Olá,
      obrigada pela visita, Ana!
      Vou mesmo dar uma espiada lá no seu.

      Abraços.

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